Queen Regency

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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Feijões de todos os sabores



Ontem à tarde essa pessoa que vos escreve (eu, XD) sentia-se cansada, não só dos afazeres domésticos de sempre, mas do tédio. O que fazer para aliviá-lo? Mais afazeres domésticos, ótimo, eles me servem como terapia mesmo... E então, esta pessoa foi catar feijões. A princípio parecia uma tarefa muito tediosa, putz, entre tantas coisas para se fazer, passar a tarde inteira selecionando os grãos? – Pois é, uma boa terapia. Sozinha eu estava nessa empreitada, mas fui bravamente selecionando, separando os bons para serem cozidos, os que não serviam, obviamente, iriam para o lixo.
Foi aí que apareceu uma criatura achando graça no fato de eu estar “viajando na maionese” enquanto selecionava os feijões um a um. E essa criatura é ninguém menos que minha prima.
- Não precisa olhar um por um, não – disse Heloisa, num tom simpático.
- Sabe escolher feijões? – Perguntei, obviamente sabendo a resposta – Tá afim de me ajudar?
Ela sentou e imediatamente começou a selecionar os feijões, com um ritmo bem mais rápido, enquanto eu continuava a examiná-los um a um. Eu olhava os feijões com os pensamentos a mil por hora.
- Eita, eu disse que não precisava olhar um por um – Ela continuava a achar graça nesse fato.
- Heloisa, olhe bem esses feijões a sua frente e me responda, eles são iguais? – Perguntei muito francamente.
- Não! – Respondeu rapidamente, como quem espera uma loucura.
- Pois, assim somos nós, os humanos. Por mais que sejamos parecidos uns com os outros, não somos iguais. – Concluí com um tom tão filosófico que ela ponderou e concordou.
Continuamos a beruberar sobre assuntos corriqueiros como a atual MPB e sua decadência, e eu olhava os feijões por outro ângulo. Pessoas são como feijões! Sim, tem comparação melhor que o bom e velho feijão? Foi quando chegou minha tia dizendo que havíamos colocado feijões bons junto com os ruins, e foi aí que soltei outra:
- Veja, e assim fazemos com as pessoas: julgamos por “maus” quando na verdade são “bons” – ou vice versa – concluí novamente em tom filosófico.
- Mãe, socorro! Ela tá filosofando muito... – E a mãe concordou comigo, e emendamos nessa história sobre maus julgamentos.
E hoje esses feijões não me saem da cabeça... Pessoas são como os feijões, saem da mesma vargem, do mesmo pé, e são diferentes, mesmo sendo tão semelhantes. Humanos, irmãos, saindo dos mesmos pais com diferenças gritantes.
Separamos pessoas entre boas e más – ás vezes julgamos errado – como separamos os feijões. Os bons feijões acabam nas panelas temperados para posteriormente nos alimentar; os humanos melhores são selecionados como amigos, namorados (a), esposos (a), e também, os melhores, digo, os mais aptos, são selecionados em bons empregos (e vale salientar que aqui não se sabe quem é bom ou mau)...  E no fim das contas… Pode acontecer de um feijão aparentar estar bom e por dentro estar ruim, aí novamente é o mau julgamento, assim como as pessoas, pois quem vê cara não vê coração. Somos feijões! E estamos sendo selecionados para essa feijoada que é o mundo!

4 comentários:

  1. Eu catava feijões com minha avó quando eu era guri e eu não sabia qual era o bom e qual é o ruim enquanto minha vó sabia em poucas olhad... da mesma forma que quando eu era criança, eu não saberia dizer qual pessoa era boa ou má... e hoje eu cresci e sei avaliam tanto os feijões quanto as pessoas...

    Temos que está preparados para a feijoada que é o mundo... e como devem saber, a feijoada está cheia de porco... assim como o mundo...

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  2. Vale salientar que assim como os feijões, não podemos escolher as pessoas pelas aparências, pois caso contrario, essa pessoa pode ser selecionada para essa "feijoada" sem ao menos merecer esse mérito, fazendo com que o feijão estragado repasse sua podridão para os demais feijões que estão em bom estado.

    Enfim, adorei sua analogia, é uma inteligente forma de ver o mundo e principalmente o ser humano.

    Kisus ;**

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